Uns dizem que o assunto suicído não deve ser falado, pois pode influenciar alguém a se matar, outros dizem que deve ser falado para que ocorra conscientização e quem sabe até evitar que aconteça o ato. Eu sou do time da prevenção e da conscientização e por isso estou aqui escrevendo esse texto para atingir o maior número de pessoas que estão sofrendo e que podem achar outras saídas para esse tipo de sofrimento.
O suicídio na adolescência é a 4° maior causa de morte de jovens no Brasil entre os 15 e 28 anos. Geralmente ocorre porque a adolescência é um período de transição, de transformações e de inúmeros conflitos internos, e por isso existe um maior risco de depressão, transtorno bipolar e de ceder a pressões impostas pelos outros ou pela sociedade. Lembre-se a adolescência não é a melhor fase da vida, é a fase da busca de identidade e das cobranças.
Gostaria de mencionar a série “13 Reasons Why” ( Os 13 porquês ) que atualmente tem sido bastante polêmica. A série gira em torno de uma estudante que se mata após uma série de falhas culminantes. Entre elas a falta de estrutura familiar, estupro, possíveis conflitos sexuais, perturbações mentais, bullying, rejeição e falta de preparo dos profissionais da escola. A série deixa claro que existem multifatores que podem ser determinantes para que o ocorra o suicídio
Uma das cenas mais “chocante” da série é quando a personagem Hannah procura o orientador para pedir ajuda e o orientador reproduz os comportamentos que vemos cotidianamente na sociedade: achar que aquilo não é motivo para sofrimento, achar que é tudo exagero e dizer que a pessoa precisa seguir em frente, o orientador trata com certo desdém todo o contexto familiar, psicológico e histórico da personagem.
O jovem que pensa em tirar sua vida acredita que não existem soluções para os seus problemas e normalmente dá sinais de um desequilíbrio emocional, mas que podem passar despercebidos por familiares e amigos.
Para evitar os pensamentos e o planejamento do suicídio é importante ficar atento aos sinais que podem indicar que a pessoa está pensando em tirar a própria vida. Mudanças repentinas de humor, agitação (insônia), falta de interesse e planos para o futuro (nostalgia), desapego, agressividade, depressão e o uso de frases, como: ‘estou pensando em me matar; o mundo seria melhor sem mim, ou tudo se resolveria se eu não estivesse mais aqui’ também servem de alerta.
Alguns fatores que favorecem os pensamentos e as tentativas de suicídio durante a adolescência incluem: depressão, problemas amorosos ou familiares, bullying, uso de drogas ou álcool e traumas emocionais. É provável que estudantes peçam ajuda a um amigo durante os estágios iniciais da ideação suicida. É importante treinar estudantes para que identifiquem colegas em risco de tal comportamento.
Mas somente identificar estes sinais não é suficiente, e por isso é muito importante buscar ajuda profissional, com um psicólogo ou psiquiatra para definir as estratégias para parar de pensar em tirar a vida.
Os objetivos de uma intervenção eficaz podem incluir uma melhor compreensão de si mesmo, identificar sentimentos conflituosos, melhorar a autoestima, mudar comportamentos desadaptativos, aprender a resolver conflitos e a interagir mais eficazmente com os colegas e com a família.
Se achar que não tem ninguém que possa ajudar, pode entrar em contato com o centro de apoio a vida (CVV), ligando para o número 188, que fica disponível 24 horas por dia.